domingo, 5 de janeiro de 2014

MG: 26-12-2013 ~ 02-01-2014

No final de 2013 tive a impressão que os meus amigos mais próximos buscaram a sua essência viajando para os lugares onde nasceram ou de onde seus pais vieram. Comigo não foi diferente. A convite de uma querida amiga, fui para Minas Gerais.

Minha mãe, Maria das Graças Duarte, em Ouro Preto - Ela está de olhos fechados por "inconveniência" do fotografo. 

O caminho foi saudoso. Acordar de madrugada, mas iniciar o percurso após as 8h (é importante enfatizar que a Suellen acordou as 3h30 e foi a primeira a chegar no local onde combinamos de nos encontrar). Viajamos de carro com o Fernando e seus amigos do tempo do colégio. Havia me esquecido do cheirinho de mato na estrada e da agonia pelo aguardo de alguma parada quando se precisa fazer xixi.

Foto por Fernando Fileno.

Nossa carona foi até Brumadinho, onde nos separamos dos meninos e encontramos outros amigos. A cidade nos recebeu com um arco-íris e uma chuva tão forte que subia a ladeira. Ficamos no Miguelito e tomamos um delicioso caldo de feijão. Quando o bar começou a esvaziar e o pessoal cantar em coral “foi bonito foi, foi bonito foi”, fomos embora após a esdrúxula cena de um rapaz borracho guiar um cavalo.

E no caminho, descobri o porque do nome da cidade quando vi as brumas pairando na estrada...

Foto por Christiane Duarte.

Do dia 26 ao 29 ficamos na casa da mãe do Anderson, a Dona Vera. Ah, que mamãe mais querida! Como naquele dito sobre coração de mãe, ela e seu companheiro Fernando acolheu em sua casa com todo conforto sete jovens vindos de São Paulo, oferecendo café quentinho, empadão, tutu e outras comidas caseiras deleitosas.

A casa da Dona Vera, fica longe do centro de Brumadinho. A estrada é de terra, no quintal as cigarras cantarolam, se ouve de tempo em tempo o som do trem e nas árvores distantes, olhando com atenção, é possível encontrar até tucanos.

Vai diminuindo a cidade, vai aumentando a simpatia...
Café tá quente no bule, barriga não tá vazia,
Quanto mais simplicidade, melhor o nascer do diaSimplicidade, Pato Fu.

O Anderson nos levou para conhecer Inhotim, um museu de arte contemporânea (arte poramporam segundo o Beto) com galerias distribuídas em um imenso jardim com as mais belas plantas. Lá nós interagimos e nos divertimos com as Cosmococas do Oiticica e transcendi a minha alma com a obra “forty part motet”* de Janet Cardiff. No outro dia, o Anderson e a Taís nos apresentaram o Bar do Beto, onde é preciso atravessar de barco um rio. No bar, era possível ver a piracema acontecer. Pode até parecer esquisito ver os peixes nadando contra a correnteza para subir a queda d’água, mas nós humanos fazemos o mesmo quando lutamos para nos desvencilhar das nossas próprias alienações...

Foto por Christiane Duarte.

No dia 30 seguimos para Ouro Preto. Entendi em toda sua completude a expressão “mala sem alça” – definitivamente preciso carregar menos coisas!

Quando chegamos em Ouro Preto fui tomada por um deslumbre! Todas aquelas ladeiras com chão de pedras, casas que exalam o passado, em cada direção do olhar uma igreja, tudo rodeado por montanhas e extensas áreas verdes. Tudo era lembrança, os (in)confidentes, Marília e Dirceu, minha mãe muito religiosa e sua irmã caminhando por aquelas ruas... Quando viva, mamãe me contou que quando era criança as missas eram em latim e começavam uma atrás da outra, por isso meu vovô João tinha que ir busca-la, pois caso contrário ela ficaria o dia todo dentro da igreja.

Rua do Pilar - Foto por Christiane Duarte.

No último dia do ano, fui com o Rodrigo visitar minha prima Maria. Uma senhora muito amável, sobrinha do meu avô. Quando muito pequenina, eu ia com osnmeus pais e a minha tia para a casa dela. Lugar aconchegante, paredes brancas e janelas azuis e na sala um quadro com a pintura de um trem. Lá é possível ouvir o som de água corrente proveniente de um pequeno córrego que passa nos fundos da casa. Ela preparou um almoço com angu e couve colhida de seu próprio quintal.

Foto por Rodrigo Monteiro.

Nossa virada foi acolhedora como o coração dos mineiros. Com a ideia da Suellen e a ajuda de todos (onde ficamos hospedados encontramos mais amigos vindos de Ferraz em São Paulo), fizemos um jantar lindo a luz de velas azuis e verdes.

Perto da meia noite fomos para a Praça Tiradentes, e o ano novo foi anunciado ao som de sinos e fogos que pipocavam de trás das montanhas. Depois fomos para o “portal”, um lugar onde existe uma escadaria que parecia dar acesso ao céu.

Museu da Inconfidência - Foto por Christiane Duarte.

Em 2012, a Renata, uma amiga de infância encontrou o meu contato, e no dia primeiro  de 2014 começamos nosso ano nos reencontrando. Junto com sua mãe e seu namorado, conversamos sobre nossas lembranças e fomos visitar minha prima Maria. Reunidos em sua casa, conversamos sobre a minha mãe e senti que ela estava feliz como todos aqueles reencontros...

Foto por Marlon Vieira.

O dia seguinte foi de despedida. Passeando pelas ruas conhecemos um senhora chamada Maria. Ela nos levou ao “Barroco”, disse que éramos seus amigos e pediu para servir uma “cachaça da roça”. Chego ao remate que as outras partes do Brasil, principalmente os paulistas, deviam fazer uma vivência em Minas Gerais para serem mais acolhedores.

Igreja de São Francisco de Assis - Foto por Christiane Duarte.

Para não dizer que não entrei em nenhuma igreja, conheci a de São Francisco de Assis com suas esculturas do Aleijadinho e pinturas do Mestre Ataíde.
Cheguei e parti de Ouro Preto com a lembrança das pinturas de Guignard. Sinto o mesmo que ele quando se referiu à Ouro Preto como a cidade de “Amor e Inspiração”.

Desenhos de Guignard - Fonte: http://www.cultura.mg.gov.br/

http://www.youtube.com/watch?v=0_oehc90D1M - Forty part Motet - Spem in alium nunquam habui.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Às vezes é preciso dar um tempo. No meu caso o tempo foi para a escrita. Durante todo esse período de hiatos, fiz uma viagem interna e ainda me sinto perdida no labirinto do meu ser. Não deixei de fazer outras viagens: várias para o Rio Grande do Sul, onde cheguei a morar por alguns meses em Gravataí. E minha maior experiência em 2013 foi vivenciar a festa de São João na Bahia.
Nesse período as viagens que fiz me complementaram, pude conhecer e compreender a minha família e as pessoas com quem convivo.
Desejo resgatar os belos hábitos, entre eles, compartilhar aqui as minhas impressões sobre os lugares que visito.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

RS: 13-05-2010 ~ 18-05-2010

E eu me joguei! - foto por Anderson Shimamoto
Enfim, 13 dias após regressar a São Paulo resolvi compartilhar as minhas novas peripécias em Porto Alegre. Lembro da primeira vez que voltei do Rio Grande do Sul e de toda a saudade que senti. Esperava desejosa pelo meu retorno, mas como foi difícil conseguir os benditos dias livres para viajar! Minha intenção era voltar em fevereiro, acabei adiando para as minhas férias em maio, mas as mesmas foram canceladas. Porém, toda minha tristeza e frustração foram compensadas com alguns dias de folga, suficientes para pôr a vida em ordem, rever amigos, jogar um pouco vídeo-game, desenhar e finalmente voltar a Porto Alegre.
Durante os meses de espera, em todos os lugares havia algo que ao Sul me remetia. Um dia, por exemplo, enquanto estava no ônibus observando o céu, vi no alto de um prédio um homem tomando chimarrão, olhando na direção do aeroporto. E ele? O que sonhava? Fiquei a imaginar...
Como é difícil planejar uma viagem! Passagens aéreas, malas... resolvi chegar lá numa quinta pela manhã e voltar terça bem cedo para ir literalmente de mala e cuia direto para o trabalho.
Então no dia 13 desse mês lá estava eu no aeroporto, tendo à frente dos meus olhos a mais sublime visão, silhuetas enegrecidas dos prédios envoltas pelas cores do céu amanhecendo. E tirando os ouvidos tampados, foi tão belo contemplar as nuvens lá no alto, todas tingidas de diferentes tons.
Ter meus pés em Porto Alegre novamente e ver entre tantas pessoas alguém a tanto tempo muito querido aguardando a minha chegada, definitivamente já compensava todos os maus imprevistos pelos quais passei.
Nesse mesmo dia conheci a cidade do Diego: Gravataí. Uma singela e pacata cidadezinha com casas coloridas e meigos jardins. Conheci duas casas particulares que se tornaram museus: a Casa dos Açores e o Museu Municipal Agostinho Martha.
Museu Municipal Agostinho Martha
Também vi muitas pessoas usando a camiseta do grêmio (aqui só vejo o meu irmão e a minha sobrinha usando), parecia até uniforme. Na casa do Diego conheci o Jackson Felipe Reis, um jovem moço de dezessete anos que com treze já mostrava grande talento como escritor. Fascinante! Tomei chimarrão com a família do Diego e vibrei de alegria quando Dona Maria me ensinou como preparar. Ah, que família bela! Vi um “guri” tão lindo quanto o pequeno príncipe que com três aninhos já toma chimarrão. Não me recordo a última vez que me encontrei num lar tão aconchegante. Voltamos depois para Porto Alegre. No Pub 7 (número evidente na minha vida, até o portão de embarque era número sete), reencontrei um amigo, o Ozyrys, e conheci o Fabrício (um moço super boa-praça e “sem papas na língua”). Juntos, Diego e Fabrício, formam a Notória Bossa. Enquanto apreciava o trabalho deles, iludia o vento frio que entrava pela porta tomando duas doces doses de conhaque tornando todo aquele ambiente muito mais onírico.
No dia seguinte foi preciso muita coragem para se levantar, mas como sempre compensou cada momento. Conheci as tão bem faladas aulas do professor Raimundo Mainardi, vi mais uma apresentação da Notória Bossa na cidade de Cachoeirinha (notório também foram todos os entreolhares...). Nesse mesmo dia houve um show do Teatro Mágico no Cais do Porto, mas não pudemos assistir pois em poucos minutos meu amigo de trabalho, Anderson, chegava de São Paulo para nos encontrar. Enquanto estávamos a caminho do aeroporto para recebê-lo, só conseguia pensar em como é grande minha paixão pela cidade porto-alegrense e sua quimera arquitetura. Quando vi o Guaíba a noite no cais desejei que pudesse colocá-la dentro de uma pequena redoma e carregá-la continuamente comigo.
Como já dizia Mario Quintana em O Mapa, "Há tanta esquina esquisita,/ tantas nuances de paredes..." - foto por Anderson Shimamoto

 
Nas palavras do Diego, "o trio ternura"! - foto por Anderson Shimamoto

Na manhã do dia 15, eu e o Anderson tomamos café ao som de Roberto Carlos. Quando não é a Arte Sacra ou Colonial me perseguindo, é sempre algo que tenha haver com algum trabalho. Cito isso pois fomos plantonistas na exposição do Roberto na Oca. E das coisas mais impossíveis que poderia acontecer, o Anderson foi chamado de meu esposo (falo com carinho, mas com toda a minha feminilidade sinto-me às vezes masculina perto dele...). Apresentei à ele o Cais do Porto. Não sei o que se passou naquele lugar, mas nunca havia visto tantas teias de aranha num lugar aberto. Até pareciam que as teia se desenrolavam do firmamento.

Tiramos belas fotos no cais, na Casa de Cultura Mario Quintana e do pôr-do-sol no Gasômetro. Nossos olhos sempre cintilando de alegria, no meu caso, principalmente quando tomei uma Polar e comi um "x" (parece que toda porção no sul é assim, o "x" já conhecia, mas fiquei surpresa ao ver que até um misto quente era grande também). A noite reencontramos o Diego e o Ozyrys para ir numa balada na Cidade Baixa. Foi divertido até o momento que ainda conseguia dançar, pois a casa lotou. Ah, aqui cabe um adendo – nunca imaginei que sentiria tanta falta da lei anti-fumo em lugares fechados.
No domingo não poderia haver outro programa, eu e o Anderson fomos ao Parque Redenção. Encontramos o Rafael, que conheci na Bienal do Mercosul naquela noite nonsense de segunda-feira (leia a viagem anterior para RS) e a Edi, uma amiga que conheci no museu onde trabalho. Aconteceu um pequeno desencontro no Bric, pois não sabia exatamente onde era o começo ou fim. Perdidos depois encontrados, passeamos proseando pelo parque e fomos almoçar num restaurante indiano. Foi "tribom"!
foto por Anderson Shimamoto

Com a Edi, caminhamos a tarde toda pelo centro apreciando a arquitetura, os museus e os monumentos.

Obra que conheci numa aula de história da arte no MASP e tive o prazer de vê-la pessoalmente no MARGS.
La faiseuse d’anges, 1980
Pedro Weingartner
Óleo sobre tela, 150 x 260 cm

Ainda na vibe dos reencontros, fomos comer mini pizza com o Diego, o Rafa, a Aline (que também conheci na Bienal no ano passado) e a Michele – moça super estilosa. Depois dessa viagem tenho certeza que gengibre vai bem com tudo, com cachaça ou, para quem tem aversão ao álcool, suco de banana.
foto por Anderson Shimamoto

Comecei a sentir tristeza pele manhã da segunda-feira, pois se aproximava o fim da viagem. O Anderson e eu fomos acompanhados pelo Diego ao Mercado Público para comprar alguns presentinhos, e eu queria muito conhecer a tão falada banca 40 – a mais antiga do mesmo.
foto por Anderson Shimamoto
Seguimos juntos para Gravataí. Boas companhias, tempo bom mesmo com friozinho, chimarrão e churrasco, já estava me sentindo uma gaúcha! E que mimo, confesso não ter ganhado chocolates de ninguém na Páscoa, mas pr’a compensar ganhei uma linda caixinha de saborosos bombons da Dona Maria!

De volta a Porto Alegre se aproximava o momento da despedida. Caminhávamos juntos pela rua da Praia, a qual quase não a reconheci submersa na escuridão de uma noite com chuviscos. Iluminada com as mesmas luzes de tom sépia de São Paulo, contemplei novamente aquela bela cidade com suas luzes a refletir sobre os paralelepípedos umedecidos da breve chuva que antecedeu nossa caminhada.
foto por Anderson Shimamoto
Que terça-feira mais melancólica! Mesmo com a certeza de voltar em breve, não conseguia me libertar das lágrimas. Elas não paravam de escorrer pelo meu rosto enquanto via a chuva, tudo, tão cedo e tão nostálgico.
Minha alegria aqui são minhas amáveis lembranças das introspectivas noites boêmias, da textura e sabor do ar, dos aconchegantes abraços. Sigo aqui adoçando minha “saldade” com o gosto amargo do chimarrão... poderia escrever muito-muito-muito mais, mas ninguém teria paciência de ler (risos)...
foto por Anderson Shimamoto

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

RJ: 23-12-2009 ~ 27-12-2009

Eu e a Dani no Centro Histórico de Paraty
Quase quatro semanas depois ainda me impressiono quando penso que fui na data certa para Paraty, pois alguns dias depois poderia ter vivido um apocalipse.
No dia 23 de dezembro acordei de madrugada e no caminho da rodoviária contemplei o sol banhar com uma luz tênue a periferia de São Paulo. Foi a primeira vez que viajei sozinha. E sobrevivi bem. Até mesmo durante aquela uma hora que o ônibus ficou parado na polícia rodoviária por causa de dois inconseqüentes que levavam drogas consigo. Um dos momentos mais belos durante o trajeto foi quando passamos pela primeira vez próximos do mar e subitamente todos despertaram e olharam em sua direção como se algo nos tivesse chamado pelo nome.
Quando enfim cheguei em Paraty e encontrei minha amiga Daniela, me senti dentro de um cenário. Parecia que a qualquer momento veria pessoas cruzarem as ruas usando roupas de algum século anterior. Parecia um sonho se não fosse a mistura do cheiro de fossa com a maresia. Impossível também não citar as ruas de pedras do centro histórico, era olhar para frente para quebras os dentes, e sem exagero, nos momentos que olhava reto via todos observarem atentamente o chão. Naquele lugar madame com salto só se asfaltar.


E parece outra época... - foto e efeito sépia por M.Chris.S
As casas em estilo colonial, os figurantes vestidos de pirata ou escravo, a roda de capoeira no meio da praça a noite me faziam imaginar o que os turistas pensavam daquele lugar (e eram muitos os gringos! Haviam mais deles do que nativos).
No dia seguinte tivemos um momento “Ilha de Caras” num passeio de escuna. Achei sublime ver que haviam borboletas voando sobre o mar. Além de um cantor nonsense que assassinava as músicas (em português e inglês – vimos os gringos tirando sarro), conhecemos dois cariocas simpaticíssimos no bote (pois é! quem não sabia nadar ia pr’a praia de bote) e também uma moça da Suíça a qual fomos encontrá-la a noite no "hostel" (cabe outra nota aqui: são muitos os "hostels", albergues e pousadas que existem em Paraty! Muitos mesmo...). Lá conhecemos outros turistas, entre eles o David de Nova Zelândia, o Kameran de Londres e o Neil da Irlanda. Um ótimo momento para pôr em prática o meu tímido inglês e o francês da Dani. Pr’a quem sempre passou a noite de natal no (des)aconchego familiar foi muito divertido! Nunca imaginei passar uma data relativamente importante com pessoas que havia acabado de conhecer. Tentamos ir na missa, apesar de ninguém ser católico praticante e ao encontrarmos a igreja fechada decidimos ir para um bar e apresentar ao gringos a "boazinha" (que já havia conhecido bem na noite passada). Fomos servidas por uma garçonete que antes de ver o nosso rosto conversou conosco em inglês, ao ver que haviam duas brasileiras naquela mesa ela deu um sorriso inexplicável de satisfação. Pouco tempo depois brincamos convidando-a a se sentar conosco para ajudar com o inglês. Nunca esquecerei de uma observação do Kameran. Ele disse que amou os cachorros do Brasil porque eles se deitam todos espaçosos e às vezes no meio da rua...


foto por M.Chris.S
O dia seguinte foi mais pacato, afinal, era 25 de dezembro. Passamos o dia na Praia do Meio, em Trindade. Em todos os momentos contemplava ao redor e dizia pr’a mim mesma "o mundo é tão grande e eu poderia ter nascido em qualquer outro lugar, mas eu nasci no Brasil! Obrigadaaa!". A noite fomos em busca da janta, e fizemos uma péssima escolha em optar por um bar que estava aberto a 24 horas. Além dos funcionários estarem surtados dizendo a todos que já ia fechar, fizeram nosso sanduíche sem partir ao meio, tiraram um facão sei lá de onde sujo com não sei o que para cortá-lo e a calabresa estava com o plástico! Depois disso tudo decidimos seguir com fome ao encontro de duas amigas que haviam chegado a pouco na cidade. Juntas fomos para a praça (antes ainda percebemos que o bar dos surtados ainda estava aberto) e encontramos um lugar para comer pizza. Por fim, novamente nos encontramos com o Neil e o David no maior por acaso.
A proposta para o dia 26 era conhecer alguma cachoeira, mas antes eu precisava encontrar um caixa eletrônico, e como foi difícil encontrar! Tanto quanto um banheiro devidamente limpo ou um orelhão que funcionasse descentemente. Quando encontrei o bendito caixa eletrônico até ouvi em minha mente um coral cantando "ooóóó...". Entramos no ônibus com destino a Corisco e chegamos na próximo da trilha que nos levaria a cachoeira. Primeiro visitamos o Poço da Laje. Foi a primeira vez que vi uma cachoeira na minha vida, ah e como escorrega... mesmo avisada levei um belo tombo! Quando escorreguei e coloquei as mãos no chão para aparar a queda obviamente elas também escorregaram, e pr’a não enfiar a cara na pedra tentei jogar meu ombro, mas ainda bati meu queixo no chão... detalhes a parte, adorei ver que a textura impressa no papel pedra copia bem uma pedra, gostei muito mais do Poço das Andorinhas, pois lá consegui entrar sem escorregar.


foto por Dani
De volta a cidade, fomos para a praça e no mesmo acaso que encontramos anteriormente os gringos, encontramos os dois cariocas simpaticíssimos, o João e o Lula. A cidade estava absurdamente cheia, muitas pessoas caminhavam pelas ruas, as pessoas esperavam por uma mesa, um eterno reggae ecoava pela praça e o Pedro (moço que já havia nos atendido no dia em que cheguei) estava entrando em pane com tanta gente para atender.
No último dia fazia muito calor logo pela manhã. Demos uma volta pelo centro histórico, compramos algumas lembranças e voltamos para arrumar as malas. No caminho de volta havia um trânsito inenarrável, foram duas horas a mais que quase me fizeram acreditar que passaria a noite toda dentro do ônibus. Apesar disso não tenho o que reclamar, pois no ano novo choveu que nem no filme Forrest Gump e inúmeros problemas ocorreram. Realmente ficamos lá no tempo certo.


Eu e a Dani durante o passeio de escuna - foto por M.Chris.S
Mas essa viagem parece ter terminado mesmo na semana passada, um pouco depois do mal jeito no meu braço e a dor no queixo passarem. Inclusive porque o Neil veio para São Paulo para concluir a viagem dele por alguns estados do Brasil e a Dani e eu apresentamos nossos amigos e alguns lugares, além de conhecer outros amigos que ele fez por aqui.


Ao lado o Pateo do Colegio - foto por Glauber
Enfim, em Paraty lembrava muito de uma música que foi quase uma trilha sonora em minha mente. Poderia resumir tudo que escrevi acima com apenas uma frase da mesma canção: Moro num país tropical, abençoado por Deus, e bonito por natureza, mas que beleza!

Praia de Paraty - foto por M.Chris.S

domingo, 25 de outubro de 2009

RS: 17-10-2009 ~ 20-10-2009

mirante de ferro - Gasômetro
Antes de querer conhecer qualquer estado brasileiro minha maior pretensão era viajar para o Rio Grande do Sul. Cresci ouvindo Engenheiros do Hawaii por causa do meu irmão e mesmo depois que ele casou e levou os CDs embora continuei ouvindo desde os clássicos dessa banda até as canções atuais.
Engenheiros do Hawaii
Foi em 2004 que conheci um gaúcho que me despertou a atenção para o sotaque que aos meus ouvidos era tão agradável, e em 2006 surgiu a promessa de realizar meu sonho depois de concluir minha graduação em arte visuais.
Durante esse período de três anos consegui conter minha ansiedade, mas na última semana que antecedia a viagem achei que ia morrer com taquicardia. Todos os dias voltava do trabalho ouvindo Engenheiros e sonhando com Porto Alegre.
Enfim o dia tão almejado chegou. Na madrugada fria e chuvosa do dia 17 de outubro eu e a Daniela estávamos no aeroporto de Guarulhos torcendo para que no Sul o tempo estivesse melhor, pois a mais de duas semanas só se ouvia as informações que o Rio Grande do Sul parecia Forrest Gump no Vietnã, mas chegando lá fomos presenteadas com um tempo ensolarado e agradável.
Esta foi a minha primeira viagem de avião. Na janela só consegui ver uma névoa branca, quando de repente vi o céu azul e abaixo dele todas as nuvens. Parecia tudo tão sólido: um mar de neve e algodão. Enquanto algumas nuvens projetavam sobre outras suas sombras, outras possuíam um sutil “arcoirizado”. Minha única angústia durante o vôo foi quando meus ouvidos tamparam, e acreditem: só voltaram ao normal quando retornei a São Paulo.
da janela do avião...
Chegando no aeroporto de Porto Alegre, lá estava me esperando o Diego (para contar como conheci esse gaúcho e sobre a nossa amizade precisaria fazer outro blog). Naquele momento pude saber o quanto aprazível é chegar num lugar distante e desconhecido e ter alguém esperando por ti...
A rua onde ficava a hospedaria parecia com a Teodoro Sampaio por causa das lojas especializadas em instrumentos musicais. No hotel, que tinha um elevador que parecia ter vida própria, encontramos nossa amiga Maralice acompanhada por outros amigos daqui de São Paulo, todos com interesse na 7ª Bienal do Mercosul. Inclusive, conheci o Daniel e o Igor, que são amigos de classe de um amigo que conheço só pela Internet.
Depois de comer um pastel que serviu como café da manhã, fomos passear pelo centro e lá descobri que na verdade o laçador da capa do álbum Minuano é um monumento porto-alegrense, e que Minuano, antes de ser nome do álbum dos Engenheiros e marca de sabão, é um vento muito frio e seco do Sul.
capa do álbum Minuano dos EngHaw - 1996
Almoçamos num lugar suspeito com garçons muito simpáticos onde parecia ter um bingo clandestino escondido, em frente uma lojinha católica cheia de santos (o que seria o meu carma naquele dia) e descobri a cerveja local – Polar. Assim que falei que tomaria a mesma em São Paulo quando sentisse saudade de POA, o Diego me contou sobre o slogan: “A melhor é daqui!” Ou seja, só quando eu for pr’a lá de novo então...
Passamos algum tempo naquela mesa. O Diego tocando suas canções enquanto a Dani e a Mara socializavam com uma vendedora muito boa-praça de incenso.
Na Casa de Cultura Mario Quintana fomos tomar café (todos com nome de santos) e seguimos então para o cais, um dos lugares onde estava ocorrendo exposições e performances. Em um dos trabalhos vibrei ao ler uma referência de Alucinação dos Engenheiros – “amar e mudar as coisas”...
7ª Bienal do Mercosul
Após contemplar o Rio Guaíba lá do cais voltamos para o hotel e descansamos um pouco para irmos para a Cidade Baixa. Todos os táxis são da cor laranja e tem uma listrinha azul e curiosamente a conta sempre dá “dez pila”, assim como os PFs são bons e fartos por “seis pila”. Com muito custo escolhemos uma pizzaria cujos sabores tinham nome de artistas e haviam tesouras para abrir os saches de ketchup e mostarda.
Daniel, sache de ketchup e tesoura
Para encerrar a noite que já tinha se encerrado uma hora antes devido o horário de verão, fomos para um bar chamado Santíssimo, e veja só que coincidência, a decoração era com imagens de santos. E por fim me encontrei num mundo aparentemente análogo que parecia muito com o local onde trabalho, materializando assim alguns devaneios impróprios que me ocorrem num edifício colonial branco com janelinhas verdes que em POA fica “vinte e cinco pila” do centro...
No dia seguinte, após a preocupação vã de acordar cedo para comer churrasco com a turma e encontrá-los todos dormindo, fomos novamente para o cais e vimos mais algumas intervenções artísticas com algodão doce lilás e fumaça cor de rosa (há controvérsias sobre a cor). Também tivemos um breve momento ilusório de sermos elite observando veleiros no horizonte.

Almoçamos perto da CCMQ. Descobri que existe um sanduíche que se chama x-coração e que um pastel de queijo pode escorrer uma quantidade de óleo suficiente para encher meia xícara de café. Depois de conhecer outros locais onde também ocorria a Bienal, conheci o Parque Farroupilha (Redenção), onde acontecia um show de “tchê music” e havia várias tribos. Lá também encontramos mais amigos, entre eles o Ozyrys, o amigo-“irmão” do Diego.
Diego e Ozyrys
Na Capadócia encerramos a noite. Um barzinho GLS muito aconchegante com cores vibrantes e contrastantes. Mesmo acompanhada, uma mulher me cantou no balcão dizendo que lembrou da Frida Kahlo quando me viu. Parece que independente da cidade, essa associação sempre será feita.
Na segunda-feira de manhã, as paulistanas tiveram um workshop no mercado municipal para aprender como se faz chimarrão. E no coreto em frente o mercado fomos atendidas por um garçom que logo percebi ser carioca pelo sotaque e pelas ausências dos “tchê”, “bah”, “guria” e “tu”. Na dúvida do que fazer, as meninas (Dani e Mara) e eu lembramos que o pôr-do-sol não é algo que fecha as segundas como os museus. Fomos então para o Gasômetro às margens do Rio Guaíba.
minha contemplação particular
Foi divulgada uma informação equivocada de que haveria uma performance no teatro. Não houve, porém conhecemos mais outra turma, alguns gaúchos, paulistas e até um carioca. Para nos conhecermos melhor rolou até uma “apresentação comunitária” com foco em afinidades entre as “grandes áreas de interesse” e principalmente em encontros propiciados pela Internet... resumidamente como conheci o Diego há três anos.
Terça-feira acordei frustrada por saber que em breve não estaria mais me deleitando dos prazeres daquela cidade, mas ainda aproveitei para visitar novamente o cais, o Centro Cultural Santander, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul e com a Dani fui almoçar no CCMQ e tomar um sheik na Fundação Iberê Camargo.
Casa de Cultura Mario Quintana
Fiquei impressionada com a placa de advertência na Fundação Iberê com o seguinte desenho:
Fundação Iberê Camargo
Quando vi no aeroporto de Guarulhos uma senhora tomando chimarrão, achei meio exagerado, mas é completamente normal no Sul. Eles tomam em T-O-D-O lugar. É tipo sair de casa e levar o celular. Carregam a cuia e uma garrafa térmica nas mãos, tem até uma bolsa só para isso.
Lá do Iberê descobrimos que não se pode ir a lugar algum. Foi quase uma “infinita highway” para chegar no shopping Praia de Belas. Em POA não tem as marcas convencionais dos absorventes de São Paulo e as pessoas não andam de havaianas quando está calor. A Pepsi faz mais sucesso entre os gaúchos que a coca-cola, o que mais se vê nas ruas são camisetas do grêmio e os sul-rio-grandenses conseguem acentuar o próprio sotaque... como isso é possível? Não consigo nem saber como é o meu!
Quando saímos do hotel com nossas malas muito mais pesadas do que chegaram e a da Mara parecendo que tinha um corpo dentro, pegamos um táxi com destino ao aeroporto. Fiquei muito triste por não poder ver o laçador de onde estávamos, mas o taxista, chamado Jorge, cordialmente me levou em frente a estátua e até falou que me esperava se eu quisesse fotografar o monumento, isso tudo sem cobrar valor a mais.
monumento símbolo de Porto Alegre: O Laçador
Voltando para casa, lá de cima vi Porto Alegre anoitecida parecendo um mar de luzes.
No ritmo “atucanado” de São Paulo, para conter minha saudade até a próxima viagem, agora restam-me as canções gaúchas e o gosto sutilmente amargo do mate para iniciantes. Não obstante da minha mãe ser mineira, meu pai pernambucano, e eu paulistana, acho que meu coração parece ser porto-alegrense.

domingo, 29 de março de 2009

RJ: 20-03-2009 ~ 23-03-2009

Neste final de semana tive a oportunidade de ir novamente para a Cidade Maravilhosa. Chegado o final do expediente no dia 20 de março, sexta-feira às 16:30, minha amiga Daniela e eu saímos quase correndo vestindo ainda nossos uniformes do museu e carregando as malas para chegar a tempo no terminal rodoviário e embarcar no nosso ônibus com destino ao Rio de Janeiro.
Aproveitamos para descansar um pouco durante a viagem e quando estávamos quase nos aproximando das paredes pintadas pelo Profeta Gentileza, vimos algo curioso no céu: algo como se um fogo de artifício tivesse estourado próximo ao chão e suas faísca estivessem congeladas no ar, difícil de explicar, mas tenho a certeza de que estávamos bem despertas naquela hora.profeta gentilezaChegando na rodoviária pegamos um táxi. O motorista corria como alguém que tem plena certeza de onde se está indo, mas para a nossa surpresa, quando estava chegando perto da casa da Helô, ele nos pediu uma referência.
Assim que chegamos fomos ao barzinho simpático da última vez (aquele que servia repelente) para tomar uma cervejinha. Durante a conversa boa e divertida foram duas torres de chopp, ou seja, 5 litros – o equivalente a 13 garrafas e meia de cerveja... Para abrir os olhos no dia seguinte foi preciso os celulares despertarem inúmeras vezes.
No sábado optamos por um passeio mais cultural. Pegamos o metrô (que achei muito menos claustrofóbico e mais colorido que o de São Paulo) e fomos para o centro do Rio. Os prédios são lindos e cheios de ornamentos. Fiquei pasma por saber que existe um monte de ruas com os mesmos nomes em São Paulo (quanta ingenuidade, sempre imaginei que os nomes não se repetissem). Passamos pela Igreja da Candelária e fomos para o CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) e tive a oportunidade de ver a exposição que perdi ano passado em São Paulo chamada Brasil Brasileiro. Maravilhosa exposição! Inclusive as músicas (pude ouvir até “Ana Naíra”, ou “Ananaira”, música que não consigo encontrar em lugar algum). Atravessamos o Saara que não era deserto e parecia muito com a rua 25 de Março em São Paulo, e depois fomos na Confeitaria Colombo onde pude provar o verdadeiro pastelzinho de Belém, um sabor delicioso com um leve toque de canela (só de pensar que antes me contentava com aquele feito no Habib’s, que tristeza!). Enquanto degustava o docinho, olhava para os espelhos daquele prédio do fim do século XIX e imaginava as pessoas refletidas trajando roupas da época.confeitaria colomboNo Museu Nacional de Belas Artes a Dani teve a sorte de receber um folder de um artista que estava em sua própria exposição enquanto eu contemplava pessoalmente o “Baile à Fantasia” de Rodolpho Chambelland, como e fantástico ver ao vivo um quadro que apenas vira antes em reproduções mal feitas.Rodolpho Chambelland - Baile à Fantasia
Baile à Fantasia,
1913Rodolpho Chambelland (RJ 1879 – RJ 1967)
Óleo sobre tela, 149 x 209 cm
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

Quando estávamos a caminho do MAM (Museu de Arte Moderna) para ver a exposição do Vik Muniz, caminhávamos pela calçada e a nossa frente havia um rapaz careca com óculos de armação preta. Passou, então, por nós um carro. Um homem se projetou para fora e gritou: Eeei! Logo veio a mente o que ouviríamos, quando então ele prosseguiu com um tom cantarolante “caréééquinhaaa”. Disfarçamos nossa surpresa e seguramos por alguns instantes a vontade de rir até que o rapaz se afastou resmungando baixinho para si mesmo. Acabamos não vendo a exposição, pois era o último final de semana em cartaz e havia uma fila imensa, mas de todo modo, valeu a cena cômica.
De volta para casa, forramos os estômagos e nos aprontamos para a festa de aniversário da Camila ouvindo “how beautiful could a been be”, com Caetano Veloso e seu filho. Ficamos por um tempo num barzinho em Copacabana e de lá fomos para a Lapa. Sobre a parte do aniversário da Camila, é melhor não dar muitos detalhes, as pessoas estavam muito “alegres” ao ponto de estorvarem “em par” em frente o balcão, ascender o cigarro ao contrário, soltar copos no chão ou se pendurar na porta do táxi. A única pessoa sóbria era a que estava do lado de fora conversando com um rapaz que admiravelmente não bebia.
Se no sábado foi difícil acordar, domingo despertamos apenas as 14:00. Ficamos de banho-maria até quase 16:00 horas assistindo se vira nos 30 (como esse programa é bizarro...), e então fomos para um outro aniversário.
Chegando lá, num barzinho chamado Espelunca Chic, estava rolando um futebol. Enquanto o jogo durou foi realmente angustiante. As pessoas olhavam fixamente para a TV, pedir licença não funcionava e até mesmo os garçons demoravam muito para nos atender. Mas, depois que terminou, foi aquele samba típico do Rio na maior animação.
Mais tarde em casa, o que foi a cena quando eu a e Helô fomos beber água e encontramos uma barata? As duas descalças esperando a barata resolver ir embora...
Na segunda já era o dia de partir. Antes, a Dani e eu passeamos pelo Leblon sentindo a maresia. Caminhamos na praia e tomamos um mate contemplando o mar. Até me arrisquei a levar um fora de um louro bonito que caminhava em direção ao mar, mas era só um blefe. Quando estávamos a caminho da rodoviária, um ônibus parou ao lado da nossa janela e o motorista perguntou como quem já conhece a tempos se nós estávamos indo viajar... Infelizmente estávamos terminando nossa viagem.
Os ônibus do Rio tem a catraca para o lado contrário e na TV passa uma programação curiosa, parece até vídeo-arte repleta de mensagens subliminares.
Durante esses dias o tempo estava nublado com o céu completamente branco. Para os cariocas o tempo os obrigava a se vestirem um pouco mais agasalhados, enquanto para duas paulistanas a temperatura estava muito agradável. Agora estou de volta, com dor de garganta causada pelo ar condicionado do ônibus da viagem e sentindo saudades da cidade boêmia pela qual me apaixonei, onde em cada esquina suspira um samba.
Cristo Redentor

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

RJ: 16-01-2009 ~ 19-01-2009

Chris - Dani - HelôImaginei que demoraria mais tempo para uma próxima viagem, mal tinha acabado de comer os doces e queijos que trouxe de Minas e a Daniela me convidou para outra viagem, dessa vez nosso destino era o Leblon – Rio de Janeiro.
Era uma sexta-feira, dia 16 de janeiro, quando pegamos o ônibus. Atravessamos a serra de Araras e após seis horas de viagem chegamos ao Rio. Fomos para um barzinho muito simpático e lotado. Ficamos na calçada e brindamos um chopp junto com a Helô (a amiga carioca que nos recebeu na cidade maravilhosa) em companhia das malas de viagem. Após conseguir uma mesa para nós e um cantinho para nossas bagagens em frente a placa que indicava o preço da cerveja, ficamos lá até umas três horas, quando já estavam virando as cadeiras sobre as mesas e varrendo o chão. Passamos no supermercado antes de ir para casa para comprar lasanha instantânea e o café da manhã. Comemos, não esperamos as duas horas que se devem após uma boa refeição e adormecemos.No sábado, após todos os celulares terem despertado, criamos coragem para levantar, tomar o café e curtir a praia. Imagine que você caminha mais ou menos um quarteirão, sente o aroma de maresia e com mais alguns passos dá de cara para o mar. Sim, a Helô tem esse privilégio. Do mesmo modo que aprendi em Minas que São Paulo não tem estrelas, aprendi na praia do Leblon que as pessoas que freqüentam a praia não são como as das capas de revistas (a mulher que tinha duas covas simétricas em cada nádega que os diga...). Foi muito bom tomar mate gelado com limão e sentir a espuminha das ondas nos meus joelhos enquanto via a Daniela e a Helô mais adentro do mar. Claro que me arrisquei a entrar no mar também, mas quase consegui a proeza de me afogar com a água batendo na altura do meu peito. Após alguns caixotes e com muita dificuldade voltei ralando a bunda na areia e sentindo aquela impressão terrível de que meu biquíni ficaria para trás junto com as ondas (o que ficou na verdade, foi um monte de areia e a sensação de ser um bife à milanesa).
Lembrança da praia - Foto por ChrisNo fim da tarde caminhamos no calçadão de Ipanema até o Arpoador (onde um casal tirava fotos em poses esdrúxulas de ballet). Lá alguns pensamentos invadiram a minha mente: como seria trágico e romântico alguém se entregando às águas do mar para nunca mais voltar.

Arpoador - Foto por Helô
Voltamos então para casa para nos prepararmos para o Samba na Lapa. No Rio faz tanto calor, em todos os locais tem ar condicionado (até no quarto da Helô), e é possível tomar banho frio sem aquelas frescuras de entrar aos poucos sob a água. O Samba onde fomos fica na Fundição Progresso. Foi tão divertido, descobri que após três latinhas de cerveja danço qualquer coisa. Lá conhecemos o cosplay (termo usado para as fantasias de personagens, geralmente quando um fã se veste de algum personagem de mangá ou animê, para algum evento ou concurso) do Lázaro Ramos, do resto não me lembro muito bem, estava ocupada dançando de olhos fechados. No fim da noite, que já era quase de manhã – 5 da manhã – fizemos algo que nossas mães sempre disseram que não se deve fazer: aceitamos a carona do cosplayer no seu Chevet de Mogi das Cruzes e fomos para uma pizzaria (que não sei como a um horário destes estava lotadíssima) antes de ir dormir. Quando chegamos em casa fui a última a tomar banho, senti vontade de olhar para o céu e dizer “apaguem a luz”, então fui dormir.Acordamos a tarde, assistimos um pouco o programa Estação com a Ivete Sangalo na rede globo e fomos para o Forte de Copacabana, onde a Skoll montou um bar e uma roda gigante. A vista era linda, não é em vão que o Rio é conhecido como cidade maravilhosa.
Roda Gigante da Skol - Foto por Helô
Obviamente estando no bar da skol tomamos algumas cervejas e depois fomos para um restaurante próximo a casa da Helô. A fome era muita, tínhamos apenas tomado café da manhã. Enquanto tomávamos uma torre de chopp, assim que o garçom se aproximou para trazer o nosso pedido fizemos outro para garantir que não passaríamos mais fome. Chopp vai, cerveja vem, e antes da saidera estávamos nos coçando muito por causa dos pernilongos. A Daniela ao pedir outra cerveja perguntou para a garçonete se tinha também um Haid. Ela respondeu que não, mas tinha repelente. Após alguns minutos entregou-nos o creme-repelente (sei lá como se diz). Mas quem diria que num restaurante no Leblon seria possível pedir como acompanhamento um repelente... enfim, enfim. Já estávamos bem alteradas quando passamos no super mercado para fazer mais algumas comprinhas. A Daniela viu uma plaquinha de Manga e pegou de recordação para mim (na verdade eu queria mesmo alguma coisa do Rio para ter de recordação, mas não necessariamente uma placa de supermercado). Quando chegamos em casa também já não lembro muito bem do que aconteceu, lembro da Dani derrubando a cerveja no chão e depois colocando num copo furado, eu estirada sobre a cama com um copo na mão e a Helô olhando se nós não estávamos fazendo sujeira. Fiquei tão fora de mim que não lembro quando cai no sono, parece que eu disse que queria dormir e a Helô cortou a diversão da Dani que estava dançando no canto onde ficaria o colchão. No outro dia só vi minhas roupas jogadas sobre a mala, e se tem algo que nunca fiz em meus 21 anos de vida foi deixar alguma roupa jogada de qualquer jeito e em qualquer lugar.
Plaquinha do Supermercado - Pego pela Dani

Na segunda-feira foi a hora de nos despedimos daquele maravilhoso lugar. Caminhamos um pouco na praia do Leblon, vimos mais alguns “princesos” caminhando no calçadão, estorvamos no meio do ônibus com nossas bagagens e por fim, vi ao longe o Cristo Redentor de braços abertos surgindo por entre as nuvens de chuva. Senti vontade de ficar para sempre. Ah, Helô... acho que vou enviar meu currículo pr’a você entregar por aí também...
Dois Irmãos - Foto por Chris